Cobreiro, boqueira…? Entenda de vez cada um deles, suas diferenças e como se proteger!

O Herpes Simples e o Herpes Zoster são doenças causadas por vírus da mesma família, os Herpesviridae. Apesar da similaridade, eles se diferenciam em sintomas, transmissão e cuidado. Nessa entrevista ping e pong com o Dr. Gabriel Fialkovitz da Costa Leite, infectologista da YUNA, você entenderá as particularidades de cada uma e como se proteger.

Conteúdo YUNA: Quais são as principais diferenças nas características clínicas e nos sintomas de cada uma?

Dr. Gabriel: O Herpes Simples, conhecido popularmente como “boqueira”, é uma infecção viral bastante comum que causa lesões na pele, geralmente na boca (herpes labial) ou na região genital (herpes genital). O vírus costuma ser adquirido na infância e permanece dormente no corpo, sendo reativado em momentos de estresse, baixa imunidade ou exposição solar.

As manifestações clínicas dele se caracterizam por bolhas dolorosas que se agrupam, principalmente nos lábios, nariz, boca, genitais ou ânus. Outros sintomas como ardência, coceira, dor e febre também podem estar presentes.

Já o Herpes Zoster, também chamado de “cobreiro”, é causado pela reativação do vírus da Varicela-Zoster, o mesmo responsável pela catapora. Após a infecção por Varicela na infância, o vírus permanece inativo no corpo, podendo ser reativado em momentos de imunidade baixa.

Logo, o Herpes Zoster se manifesta com lesões cutâneas dolorosas que geralmente acometem um lado do corpo, seguindo o trajeto de um nervo. As lesões, semelhantes às da catapora, se apresentam como bolhas vermelhas que podem se romper e formar crostas. A dor intensa e o desconforto são sintomas frequentes, podendo persistir por semanas ou meses após a cicatrização das lesões.

Conteúdo YUNA: Como ocorre a transmissão do Herpes simples e do Herpes Zoster?

Dr. Gabriel: A transmissão do Herpes Simples ocorre por contato direto com as lesões, principalmente quando estão em fase de vesícula ou bolha. O contato com a saliva de uma pessoa infectada também pode transmitir o vírus.

Já o Herpes Zoster é transmitido pelo contato direto com as lesões de pele, sendo a transmissão por via respiratória mais rara, ocorrendo apenas em casos graves. É importante lembrar que quem já teve catapora na infância não corre risco de adquirir herpes zoster novamente, pois o corpo já possui anticorpos contra o vírus.

Conteúdo: Como é feito o diagnóstico e quais são os tratamentos disponíveis para o Herpes Zoster e o Herpes Simples?

Dr. Gabriel: O diagnóstico de Herpes Simples e Herpes Zoster é geralmente clínico, realizado pela avaliação das lesões de pele e sintomas. Em alguns casos, exames laboratoriais como a cultura viral ou a sorologia podem ser necessários para confirmar a infecção, mas não são realizados de rotina.

O tratamento para ambas as doenças inclui o uso de medicamentos antivirais, como Aciclovir, Valaciclovir e Famciclovir. A administração dos antivirais pode ser via oral ou endovenosa, dependendo da gravidade da infecção e do estado do paciente.

O tratamento precoce é fundamental para diminuir a duração e a gravidade dos sintomas, além de reduzir o risco de complicações, como a nevralgia pós-herpética, dor persistente que pode durar meses ou anos após a infecção por Herpes Zoster.

Pomadas antivirais também podem ser utilizadas para aliviar os sintomas como coceira e ardência, mas não são eficazes para eliminar o vírus.

Conteúdo YUNA: Quais são as medidas preventivas e os cuidados necessários para evitar a infecção e a disseminação do Herpes Zoster e do Herpes Simples?

Dr. Gabriel: A prevenção do Herpes Simples e do Herpes Zoster envolve a prática de algumas medidas importantes:

• Evite o contato direto com as lesões de pele de pessoas infectadas: Use luvas se precisar entrar em contato com as lesões.
• Mantenha a higiene pessoal: Lave as mãos frequentemente com água e sabão, especialmente após tocar em lesões ou áreas afetadas.
• Evite o compartilhamento de objetos pessoais: Talheres, copos, toalhas e outros objetos que podem entrar em contato com as lesões devem ser usados individualmente.
• Mantenha a imunidade alta: Uma boa alimentação, sono regular e atividades físicas regulares ajudam a fortalecer o sistema imunológico.
• Vacinação contra o Herpes Zoster: A vacina contra o Herpes Zoster é recomendada para pessoas acima de 50 anos e indivíduos com imunidade baixa, pois reduz o risco de desenvolver a doença. A vacina não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo comercializada apenas em clínicas e hospitais particulares.

Para evitar a disseminação do Herpes Simples e do Herpes Zoster, é importante manter as lesões limpas e secas. Não aplique cremes, hidratantes ou pomadas nas lesões, pois podem aumentar o risco de infecção bacteriana secundária.

É fundamental buscar orientação médica em caso de suspeita de qualquer um deles. Afinal, o cuidado precoce é crucial para diminuir o risco de complicações e melhorar a qualidade de vida do paciente.