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05 / maio / 2025

Reabilitação pós-AVC: o cuidado que reconstrói caminhos

Entenda como funciona esse processo com Dr. Luca Adan, Fisiatra da YUNA.

A reabilitação do paciente com Acidente Vascular Cerebral (AVC) geralmente se inicia na fase subaguda, ou seja, logo após a estabilização do quadro clínico. Há também casos em que ela se estende para a fase subcrônica, especialmente quando há intercorrências na fase aguda que exigem permanência hospitalar prolongada. É nesse intervalo que o cuidado especializado começa a desenhar possibilidades de recuperação com mais delicadeza e atenção à singularidade de cada trajetória.

Na YUNA, muitos pacientes chegam com traqueostomia, sondas alimentares ou feridas decorrentes da imobilização hospitalar. O plano terapêutico é elaborado para cada paciente, respeitando o tempo do seu organismo. Retirar a sonda, a traqueostomia, recuperar a integridade da pele: esses são os primeiros passos para que o corpo encontre espaço para recomeçar. A reabilitação não é feita apenas de exercícios, mas de escuta, adaptação e pequenos avanços que têm grandes significados. 

E é sobre isso que o conteúdo YUNA falará hoje, com a participação especial do Dr. Luca Adan, Fisiatra da YUNA.

Mobilização precoce: a importância de sair do leito

“Boa parte dos pacientes que chegam após um AVC apresentam grau acentuado de perda da autonomia funcional. Isso exige que a equipe atue com estratégia assistencial, iniciando um processo que chamamos de mobilização precoce. Essa etapa tem como objetivo principal tirar o paciente da condição de imobilidade contínua”, explica o doutor. A cada dia, aos poucos, o leito deixa de ser o único território possível.

Segundo Adan, começa com banho no chuveiro, treinos de sedestação (ficar sentado com estabilidade), ortostatismo (posição em pé com auxílio de prancha), e pouco a pouco o corpo vai respondendo. Há um ciclo silencioso que se estabelece após um AVC: o corpo para, pela perda da conexão neuronal, e a imobilidade imposta gera mais fragilidade. A quebra desse ciclo é um gesto de cuidado. O convite a sair do leito é, também, um convite a retomar a vida em suas formas mais singelas. “Cada passo fora da cama é uma afirmação de presença, ou seja, de autonomia”, diz.

Neuroplasticidade: como o cérebro aprende novos caminhos

O cérebro humano possui uma capacidade admirável de adaptação chamada neuroplasticidade. De acordo com o especialista, é por meio dela que, mesmo após a lesão cerebral causada por um AVC, novas conexões podem ser formadas, permitindo a retomada de funções perdidas ou comprometidas. O trabalho da equipe, nesse ponto, é aproveitar essa janela de reorganização neurológica para oferecer estímulos que otimizem o processo de recuperação.

“Na prática, isso envolve sessões específicas de fortalecimento muscular, controle de tronco, treino de transferências, tal como sair da cama para uma cadeira ou de uma posição deitada para sentada. Quando o paciente chega mais enfraquecido, a equipe lança mão de recursos adicionais como a eletroestimulação e o treino com cicloergômetro, que possibilita atividade aeróbica segura mesmo com restrições motoras”, explica.

Essas etapas não têm pressa. Algumas são mais longas do que outras, e tudo depende da resposta individual. Cada paciente tem um tempo próprio de reconexão com os comandos do corpo. E esse tempo é sempre respeitado.

Atividades da vida diária: quando a autonomia se torna possível

A reabilitação é mais do que devolver movimento, e sim, restituir ao paciente sua capacidade de estar no mundo. “Com a evolução dos treinos de mobilidade, chega o momento de trabalhar o que chamamos de atividades da vida diária. São ações básicas que compõem a rotina e, muitas vezes, passam despercebidas em sua importância até que se tornem um desafio”, destaca o doutor.

Para ele, treinar o paciente para se alimentar sozinho, lavar o rosto, escovar os dentes, tomar banho ou vestir-se com alguma independência não é só garantir autonomia funcional, mas possibilitar a ele, o resgate da dignidade. Aos poucos, a pessoa passa a se reconhecer novamente no espelho das suas pequenas conquistas. Esse processo de reconstrução é feito de detalhes. O gesto de levantar uma colher, de escolher uma roupa, de abrir uma torneira. Cada ato contém um mundo.

A equipe transdisciplinar como fio condutor do cuidado

A reabilitação pós-AVC na YUNA é guiada por uma equipe multidisciplinar que atua de forma integrada. Fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, médicos, entre outros especialistas compartilham, em reuniões semanais, a evolução de cada paciente. Esses encontros são momentos preciosos de escuta mútua e alinhamento, nos quais o planejamento terapêutico é atualizado conforme a resposta de cada um.

“Esse modelo permite um cuidado contínuo e adaptado, em que os objetivos são construídos com base na realidade clínica e neurológica do paciente naquele momento. Não se trata de seguir protocolos rígidos, mas de respeitar as variações do percurso e ajustar o plano com delicadeza e precisão”, destaca o fisiatra.

Tempo de internação: quando é hora de voltar para casa?

A duração da internação é uma variável que depende da gravidade do AVC, das complicações associadas e do progresso observado ao longo da reabilitação. Não há um tempo fixo, mas um acompanhamento criterioso que busca identificar o momento ideal para que o paciente retorne ao lar com segurança, mesmo que ainda necessite de algum suporte.

Essa transição para o ambiente domiciliar é cuidadosamente preparada. O prognóstico médico é alinhado com o plano terapêutico, e juntos, apontam uma expectativa realista de recuperação. Segundo o Dr. Luca, a ideia não é acelerar o tempo de permanência, mas garantir que o retorno à casa aconteça com o mínimo de riscos e com o máximo de participação possível nas atividades do cotidiano.

Família e domicílio: a base para uma reabilitação sustentável

Preparar o paciente para voltar para casa é também preparar a casa para recebê-lo. Por isso, o envolvimento da família é fundamental desde o início. Reuniões com os familiares fazem parte da rotina da equipe, para que todos compreendam o estágio atual do tratamento, os próximos passos e, sobretudo, como poderão apoiar a continuidade da recuperação no ambiente domiciliar.

Segundo o especialista, esse preparo envolve desde orientações sobre os cuidados com higiene, medicações e segurança, até a avaliação das condições físicas do domicílio. Às vezes, uma rampa é necessária. Outras vezes, é uma cadeira de banho. Em certos casos, ajustes mais amplos precisam ser discutidos. A equipe também considera aspectos sociais e financeiros, respeitando a realidade de cada núcleo familiar.

Nada é imposto. Tudo é construído junto, com cuidado, afeto e atenção às limitações e possibilidades. “A reabilitação, para ser completa, precisa atravessar os muros da clínica e continuar viva no cotidiano da casa”, conclui o fisiatra. E é nesse espaço íntimo, onde os vínculos florescem, que o cuidado encontra sua forma mais duradoura.

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