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20 / ago / 2025

Saúde mental: o que aprendemos ao longo das últimas décadas?

Durante muito tempo, falar sobre saúde mental era motivo de silêncio, vergonha ou exclusão. O sofrimento psíquico era tratado como fraqueza, histeria ou desvio. Felizmente, essa realidade vem mudando. Hoje, a saúde mental passou a ser compreendida como parte fundamental da saúde integral, digna de atenção, pesquisa, cuidado e investimento.

As últimas décadas trouxeram mudanças profundas, tanto no modo como entendemos os transtornos mentais, quanto nas formas de escutar, diagnosticar e tratar. É nesse território, onde ciência e sensibilidade se encontram, que a psicologia e a psiquiatria vêm construindo um novo caminho de cuidado. E é sobre isso que vamos falar no conteúdo de hoje.

Da exclusão ao cuidado: uma nova forma de olhar o sofrimento psíquico

Até o final do século XX, o sofrimento emocional era frequentemente medicalizado ou segregado em instituições, com pouca escuta sobre o contexto de vida da pessoa. As reformas psiquiátricas e o fortalecimento da psicologia clínica trouxeram novos olhares – menos reducionistas, mais humanos.

A escuta passou a ocupar um lugar central nos processos terapêuticos, e o sofrimento deixou de ser apenas um sintoma a ser eliminado. Passou a ser compreendido como algo que carrega sentido, história, afetos e vínculos. Essa mudança de paradigma permitiu que mais pessoas buscassem ajuda sem medo de serem rotuladas.

Avanços científicos e novas possibilidades de tratamento

A ciência também avançou. Os estudos em neurociência, genética e psicoterapia ampliaram o conhecimento sobre os transtornos mentais. A psicofarmacologia desenvolveu medicamentos mais seguros e eficazes, com foco em aliviar sintomas.

Na psicologia, surgiram abordagens baseadas em evidências, como a terapia cognitivo-comportamental, as terapias de terceira onda, os protocolos focados em trauma e o fortalecimento da escuta psicodinâmica. O foco não está apenas em tratar sintomas, mas em promover autoconhecimento, reorganização interna e qualidade de vida.

Ao lado disso, práticas integrativas como mindfulness, meditação e terapias corpo-mente ganharam espaço como recursos complementares, reconhecendo que o cuidado também passa por experiências subjetivas e não-lineares.

Psicólogo ou psiquiatra: funções distintas, cuidados complementares

Embora compartilhem o mesmo campo de atuação: a saúde mental, onde psicólogos e psiquiatras oferecem formas diferentes (e complementares) de cuidado.

O psicólogo clínico é o profissional da escuta. Ele conduz processos psicoterapêuticos, ajudando o indivíduo a elaborar suas experiências, identificar padrões emocionais e construir recursos para lidar com suas dores. Seu foco está na relação, no vínculo e na construção de significado.

Já o psiquiatra é médico, com especialização em saúde mental. Está apto a diagnosticar transtornos mentais e prescrever medicações quando necessário. Sua atuação é indispensável em quadros moderados a graves, como depressão maior, transtorno bipolar, esquizofrenia, entre outros.

Na prática, muitos pacientes se beneficiam do trabalho conjunto desses profissionais. Enquanto o psiquiatra estabiliza o quadro clínico, o psicólogo ajuda o paciente a reorganizar internamente o que foi rompido pelo sofrimento.

Quando buscar ajuda profissional?

Cuidar da saúde mental não exige um diagnóstico para ser válido. Assim como vamos ao médico para exames de rotina, também podemos (e devemos) procurar apoio psicológico quando sentimos que algo não vai bem.

Alguns sinais merecem atenção:

  • Sensação constante de angústia, medo ou tristeza;
  • Alterações no sono, apetite, libido ou energia;
  • Pensamentos de desvalia ou culpa excessiva;
  • Crises de ansiedade, pânico ou impulsos agressivos;
  • Dificuldade de lidar com perdas, mudanças ou traumas;
  • Sensação de que “não dá mais conta sozinho”.

Nesses momentos, a escuta qualificada pode ser o ponto de virada. O que muitas vezes parece fraqueza é, na verdade, um pedido silencioso de cuidado.

Um campo em movimento; e mais necessário do que nunca

A saúde mental, hoje, é atravessada por tecnologias, inovações e novas linguagens. Temos plataformas de terapia online, aplicativos de regulação emocional, inteligência artificial para triagem e até protocolos com uso controlado de psicodélicos. Mas nenhuma ferramenta substitui o valor de um espaço de escuta real, ética e humana.

O cuidado em saúde mental não é um ato técnico apenas, é um encontro. Um espaço onde o sofrimento é legitimado, onde o sujeito não é reduzido ao sintoma, e onde a transformação é possível.

Mais do que nunca, é preciso reconhecer que saúde mental quando diagnosticada, precisa ser tratada com acompanhamento e cuidado, afinal, é direito, é urgência.

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